ONUPHIDAE KINBERG, 1865
Onufíideos são poliquetas errantes com algumas modificações para um hábito de vida tubícola. Vermes plumados (Hyalinoecia) e vermes de praia (Australonuphis) estão entre os Onufídeos mais conhecidos devido as características dos tubos, seus tamanhos variados (desde poucos milímetros até 3 metros de comprimento), ocorrência nas areias de praias e sua importância como iscas em pescarias. A forma do corpo é sempre cilíndrica na região anterior e o restante do corpo pode ser achatado, cilíndrico ou oval, dependendo da posição dos parapódios e brânquias (Fauchald, 1982b). Espécies vivas podem apresentar padrão de pigmentação característicos vermelha ou marrom, muitas vezes em faixas segmentares transversais, outras vezes sem pigmentação. A maioria dos pigmentos corporais é perdida com a fixação, entretanto alguma coloração permanece. Os Onufídeos pertencem à ordem dos Eunicida e são considerados como uma família muito especializada e a mais derivada dentro desta ordem.
Hábitos. Onufídeos são vermes tubícolas encontrados em substratos moles e em fundos de cascalho, são comuns em locais rasos e melhor representados em regiões batiais e abissais. A maioria das espécies constrói e vive em tubos temporários ou permanentes, que geralmente são formados por uma camada interna secretada pelo animal, que pode ser seca e dura ou mucosa, além de uma externa composta por partículas diversas, tais como grãos de areia, lodo, parte duras de animais, plantas e qualquer outro tipo de material encontrado no sedimento.
A biologia da alimentação dos onufídeos é muito diversificada. Algumas espécies são consideradas carnívoras, outras espécies como Diopatra neapolitana e D. ornata são chamadas de herbívoras por se alimentarem abundantemente de algas e há também espécies que se alimentam de foraminíferos. Experimentos com a alimentação de onufídeos mostraram a aceitação destes organismos por vários gostos alimentares, de plantas ou animais, vivos ou mortos, frescos ou em decomposição. Pode se dizer que estes poliquetas conservam um hábito primariamente detritívoro onívoro.
Quanto à reprodução os Onufídeos são usualmente gonocóricos sem dimorfismo sexual, embora alguns autores os considerem hermafroditas (Lieber 1931, Paxton 1986a). A dispersão dos ovos parece ser bem comum, ocorrendo a transferência do espermatóforo através de um receptáculo seminal. Apresenta larvas lecitotróficas ou desenvolvimento direto (Fauchauld 1970).
Status taxonômico. Os Onufídeos pertencem à ordem dos Eunicida e são considerados como uma família muito especializada e a mais derivada dentro desta ordem. Atualmente são 22 gêneros válidos e mais de 270 espécies descritas (Glasby et al., 2000), agrupadas em 2 subfamílias: Hyalonoecinae e Onuphinae (Paxton, 1986). Lana (1984) registrou no litoral do Paraná 14 espécies de Onufídeos agrupadas em 7 gêneros.
DESCRIÇÃO
Estes poliquetas possuem prostômio arredondado ou mais incisivo e pontudo com 3 cirros tentaculares dorsais e um par de palpos laterofrontais, formando um semi-círculo sobre o prostômio, 5 antenas occipitais inseridas sobre uma base visivelmente anelada, o ceratóforo. Apresentam um par de lábios frontais ovóides ou triangulares na margem frontal do prostômio e um par de lábios superiores ovais ou triangulares na margem ventral do prostômio. Os olhos podem estar presentes na base das antenas laterais ou dos lábios frontais, ocorrem desde pequenas manchas ocelares até grandes olhos com lentes. O peristômio é composto por apenas um anel, podendo apresentar um par de cirros occipitais dorsais na margem anterior. A mandíbula é composta por duas hastes alongadas e as maxilas são muito ou pouco quitinosas. O parapódio é sub-birreme, sendo o notopódio representado externamente pela base do tronco branquial, cirro dorsal e acículos internos e são menos desenvolvidos nos parapódios modificados. Os parapódios dos primeiros setígeros são direcionados lateroventralmente, podendo ser muito modificados e maiores que os demais. Os parapódios modificados apresentam ganchos neuropodiais. O cirro ventral é longo e subulado nos primeiros setígeros, transformando-se gradualmente numa estrutura glandular em forma de almofada nos demais. As brânquias podem ser cirriformes, pectinadas, ramificadas ou espiraladas. O pigídio é um pequeno lobo com um ânus dorsal e 1 ou 2 pares de cirros anais ventrais.
GÊNEROS COLETADOS
Kinbergonuphis Fauchald, 1982
Diagnose. Onufídeos com um número indeterminado de segmentos e longos tubos cilíndricos. Palpos frontais curtos e cirros peristomiais presente. Ceratóforos occipitais tão longos quanto ou menores que o comprimento do prostômio; cerastóstilos externos atingindo o mesmo comprimento ou maiores que o ceratóforo, que apresentam 10 ou menos anéis, alguns lisos. Cirro ventral cirriforme em 2 ou mais setígeros. Ganchos pseudocompostos tridentados sempre presentes, ganchos simples falcados ou pseudocompostos bidentados frequentemente presentes; ganchos pseudocompostos todos curtos e arredondados. Brânquias filamentosas, quando presentes, a partir do 6° setígero. Ganchos subaciculares e setas pectinadas presentes. Cerdas espinígeras compostas ausentes.
Mooreonuphis Fauchald, 1982
Diagnose. Antena localizada no meio ou na parte posterior do prostômio, ceratóforos com até 5 anéis. Lábios frontais e lábios superiores ovais, sem secção mediana. Sulco nucal reto. Cirro occipital inserido distalmente no peristômio. Primeiros 3-7 pares de parapódios modificados, não prolongados. Brânquias simples, raramente pectinadas. Ganchos dos parapódios modificados bi ou tridentados, pseudocompostos com capuz. Ganchos aciculares ou medianos a partir do setígero 1, levemente mais largos. Cerdas pectinadas a partir do setígero 6-7, limbadas supra-aciculares a partir do setígero 1, e cerdas limbadas compostas espinígeras presentes em alguns parapódios na região mediana (Paxton, 1986).
ESPÉCIES DISPONÍVEIS
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