Spionidae Grube, 1850
A família Spionidae é uma das mais comuns na infauna bêntica. Seus representantes são reconhecidos por apresentar um prostômio bem desenvolvido, um par de palpos preensíveis na parte anterior e parapódios birremes dotados de setas simples (Fauchald, 1977). Podem ser encontrados em todos ambientes marinhos, desde a zona entre marés de águas estuarinas até a plataforma continental, em regiões de grande profundidade. Alguns espionideos escavam em substratos calcáreos e podem ser considerados pragas pela indústria de cultivo de ostras e mariscos (gênero Polydora). Poucas espécies são oportunistas e a maioria dos representantes desta família está entre as formas bênticas mais comuns em águas rasas estuarinas, (Bolivar, 1986). Os indivíduos desta família podem ser encontrados desde o Ártico até o Antártico, devido a sua estratégia alimentar flexível e uma fase larval pelágica que facilita a dispersão pelas correntes oceânicas. Espécies dos gêneros Prionospio, Polydora e Boccardia estão presentes em qualquer ambiente marinho de fundo não consolidado, amostrados em qualquer parte do globo. Indivíduos do gênero Aonides são formas dominantes em praias arenosas em regiões tropicais (Foster, 1971 in Fauchald, 1977).
Hábitos. Esta família é composta na sua maioria por formas tubícolas, bipalpadas, detritívoras de superfície e algumas espécies são filtradoras de organismos planctônicos. Os espionideos utilizam seus palpos para se alimentar tanto de partículas no sedimento quanto de partículas em suspensão. As partículas são carreadas para a boca ao longo dos palpos pelos cílios longitudinais.
Spionideos são abundantes em águas rasas em todos os tipos de substrato. Algumas espécies do gênero Polydora são perfuradoras de substratos calcáreos, mas a maioria (especialmente do gênero Aonides e Scolelepis) constrói seus tubos em fundos não-consolidados de água rasa. As partículas coletadas pelos spionideos são usadas tanto para alimentação como para a construção de tubos.
A reprodução pode ocorrer de forma assexuada com a divisão do corpo em partes iguais ou a fragmentação dos segmentos do corpo seguida de regeneração. A forma sexuada de reprodução dos spionideos ocorre por fertilização interna, oogênese, espermiogênese, transferência de esperma ou formação de ovos encapsulados, (Blake, 2002). As larvas trocóforas de spionideos podem se alimentar de fitoplâncton e tendem a crescer sucessivamente em vários substratos artificiais.
Status taxonômico. De acordo com Rouse e Pleijel (2001) esta família conta com mais de 450 espécies agrupadas em 38 gêneros. Blake (1983) descreveu 26 espécies para a costa atlântica da América do Sul e Nonato (1981) registrou a ocorrência de 16 espécies desta família para a costa sudeste brasileira. Para o litoral do Paraná, Bolívar (1986) registrou 14 espécies de Spionidae, agrupadas em 8 gêneros diferentes.
DESCRIÇÃO
Os spionídeos caracterizam-se por ter corpo alongado, prostômio afilado ou arredondado, com ou sem cornos laterais, prolongado posteriormente por uma carúncula dorsal e portando ou não um cirro occiptal. O peristômio projeta-se geralmente em sentido ventral, rodeando lateralmente o prostômio. É conspícua a presença de palpos peristomiais extensíveis e móveis, com sulco mediano ciliado. Brânquias estão geralmente presentes, restritas aos setígeros anteriores ou evidentes ao longo de todo o corpo. As setas são sempre limbadas simples ou capilares; ganchos com ou sem capuz e setas genitais estão presentes nos setígeros medianos e posteriores. O pigídio, dotado de cirros ou papilas, apresenta ampla variabilidade.
Gênero Scolelepis Blainville, 1828
ESPÉCIES DISPONÍVEIS
Gênero Spiophanes Grube, 1860
Diagnose. Prostômio afunilado ou com cornos frontais; e antena occipital presente. Brânquias ausentes. Primeiro neuropódio com ganchos robustos; os demais neuropódios anteriores possuem cerdas capilares; neuropódios posteriores com uncini.
ESPÉCIES DISPONÍVEIS
Gênero Spio Fabricius, 1785
Diagnose. O gênero Spio é caracterizado por apresentar um prostômio arredondado e brânquias presentes desde o primeiro setígero. As notosetas são todas capilares e as neurosetas possuem cerdas capilares e uncini (Fauchald, 1977).
ESPÉCIES DISPONÍVEIS